A maioria das pessoas tende a fazer tudo o que está ao seu alcance para gostar do trabalho que faz ou então para tornar seu trabalho o mais prazeroso possível. Mas de um modo geral, todo mundo quer e precisa mesmo é sentir-se respeitado por aquilo que faz.
Isto é, supondo, é claro, que as premissas laborais estabelecidas nos estudos de Abraham Maslow, Fredrik Herzberg e Victor Vroom com relação à motivação, estejam satisfeitas.
Mas fazer um excelente trabalho e ser respeitado no ambiente de trabalho são duas coisas totalmente distintas. Sempre vai haver, em todas as empresas, aquele trabalhador que dá tudo de si todos os dias do ano, mas que ainda assim é espezinhado por seus colegas, ou ainda pior, por seus superiores.
Ganhar o respeito que cada um merece é, acima de tudo, uma questão de diplomacia e apenas em segundo lugar um reconhecimento pelo desempenho. De nada adianta uma pessoa ser um excelente profissional se ela não souber entender a política da empresa onde trabalha e menos ainda se, por excesso de competência no desempenho de suas funções, abalar os brios de seus superiores: será apenas mais um para ser retirado de circulação de alguma maneira, destacadas aqui as tres formas mais comuns:
1 – vão buscar uma forma do profissional “pedir prá sair”, como no filme BOPE,
2 - vão cavar sua sepultura e meter a faca na caveira para que você seja eventualmente dispensado de suas funções “por justa causa”,
3 - vão simplesmente colocá-lo em algum canto da empresa – a famosa “promoção lateral” – através da qual você vai para escanteio de forma que não incomode mais (tanto assim).
Isso sem contar aquelas empresas militarizadas onde ocorre rebaixamento mascarado, e, ao invés de promoção, “despromoção”: os pares são promovidos e os “despromovidos” permanecem em suas funções com o mesmo salário, porém com troca de chefia imediata – os que até então eram seus pares passam a ser seus chefes imediatos - com autonomia reduzida, com eliminação de benefícios, ou com criação de cargos e funções novos dentro da empresa, para os quais você é “promovido”.
Se você notar que isso ocorre na sua empresa, faça como um amigo recentemente fez. Ele reconheceu que havia um certo grau de ignorância necessária para ser promovido na “firma” onde ele trabalhava, o que impediria todo e qualquer tipo de chance de progresso profissional, posto que ele é meio gênio, e acabou “pedindo as contas no DP” – segundo ele, RH (Recursos Humanos) é coisa de empresa séria e vai além do simples Departamento Pessoal.
Pode esquecer qualquer tipo de reconhecimento meritório que não seja o “reconhecimento pelo tempo de serviços prestados”, pois afinal todos sabem há quanto tempo um colega senior está ali no local e seus superiores não podem deixar que seus colegas percebam que eles estão dormindo no ponto.
Caso seus superiores tenham uma capacidade intelectual aquém da necessária para reconhecer e valorizar você e o trabalho que você faz para a empresa o reconhecimento laboral maior deve vir mesmo de seus pares, ou, traduzido isso na mais simples das suas formas, através do respeito que você recebe dos seus pares.
E o melhor benefício de ser respeitado no ambiente de trabalho é que sua vida pessoal dificilmente sofrerá algum tipo de impacto negativo por causa de sua carreira profissional, pois no caminho para casa a sua mente vai estar livre de todas as bobagens e besteiras que vem junto com o peso de ser tratado de uma maneira que prioriza a injustiça e a falta de qualidade de vida no trabalho.
É muito interessante ver como alguns empresários aqui no Brasil agem da mesmíssima forma que nossos políticos: fazem algo que, pelo menos aparentemente e em público, julgam ser bom, quando na verdade não é, e alardeiam isso como se fosse a oitava maravilha do mundo empresarial contemporâneo. Querem ver um exemplo? No meu local de trabalho compraram uma mesa de tênis de mesa e a colocaram na sala de recreação. Mesa de primeiríssima qualidade, assim como as raquetes e as bolinhas. Daí é que a porca torce o rabo e vem as idiossincrasias. Baixaram uma norma interna dizendo que o tempo limite de uso da mesa é de 3 minutos por dia por dupla, “para que todos possam desfrutar do uso da mesa”.
E os exemplos se multiplicam pelo resto da empresa, até na cozinha, onde a qualidade da matéria prima para preparar as refeições servidas é de excelente qualidade, porém a execução fica aquém do mais primário dos botecos, assim como a reduzida variedade do cardápio mensal, bem menos variada do que locais que servem PF e isso tudo acompanhado de limitações nas porções a serem servidas a cada funcionário.
Alardeia-se muito e sempre que surge uma oportunidade, o lado bom, a qualidade.
Tapa-se com uma peneira o lado mau: repetições de cardápio, má qualidade do preparo, falta de variedade e quantidade de legumes e verduras, e finalmente, as imposições restritivas.
Muitos de nós já viram de perto o “lado escuro da Força” (Star Wars). Aqui vão algumas idéias sobre como fazer o lado claro prevalecer:
Não ligue muito. Estou falando sério.
Algumas pessoas ficam obcecadas com suas vidas profissionais e acabam se esquecendo de um detalhe importante, o de que a relação entre o homem e seu trabalho é como o relacionamento entre duas pessoas: se houver muita pressão, acaba sufocando. Da mesma forma que você precisa manter sua identidade quando em um relacionamento, seu chefe precisa começar a valorizar a sua presença e entender que você trabalha na empresa onde trabalha por escolha própria e não por falta de opções. Você não está ali fazendo um favor e muito menos trabalhos forçados ou trabalho escravo, mas sim prestando um serviço em troco de um pagamento: além do salário, também e principalmente os demais benefícios necessários à satisfação pessoal no trabalho e que levam à motivação - conforto, segurança, apoio dos superiores, qualidade de vida e toda a lista Herzberguiana. (http://www.ccae.ufpb.br/public/studia_arquivos/arquivos_01/saulo_01.pdf)
Se você não estabelecer limites, haverá abusos, com toda certeza. Então você pode fazer pé firme e mostrar o seu valor ou então pode procurar outro trabalho melhor. Dê menos importância. Não seja totalmente “não to nem aí”, mas também não chegue ao ponto de ter uma úlcera por excesso de preocupação. Procure mostrar que uma relação do tipo ganha-ganha é sempre melhor e que para a empresa ganhar, você não precisa necessariamente perder nada e vice versa. A não ser que a empresa insista nisso, mas daí o azar será dela, que perderá a satisfação do funcionário. E funcionário insatisfeito não consegue chegar no patamar da motivação “nem a pau, Juvenal”! (Frederick Herzberg)
Lembre-se de que o ontem já passou e o amanhã ainda não chegou e importe-se com o aqui e agora.
Jamais perca um prazo. Nunca jamais.
Um prazo tem esse nome por uma boa razão. O único lugar onde não se pode contar com a prorrogação de um prazo baseado em bom senso é em um Fórum – lembrando aqui a máxima: “De cabeça de Juiz e de bundinha de criança a gente nunca sabe o que vai sair”. No momento em que você perceber, logo ao fazer SEU planejamento, que um determinado prazo é irreal, vá conversar com seu chefe e justificar os porquês do pedido de alteração do prazo. Explique e deixe claro que a qualidade vai cair e quais serão as consequências disso. Ofereça uma alternativa mais realista. Se seu chefe for inteligente o suficiente para entender isso, ponto para os dois: quem explicou e quem entendeu!
Jamais se atrase para um compromisso. Nunca jamais.
Atrasar-se indica que você acredita que o seu tempo é mais valioso do que o tempo da outra pessoa. Talvez seu tempo seja mesmo mais valioso, mas mesmo assim respeite as outras pessoas. Coloque-se no lugar deles. Sempre aja com empatia. Se a pessoa que conduz uma reunião, por exemplo, não tem a capacidade para perceber que TODOS ali estão sendo pagos para trabalhar e não para esperar pelo início da reunião ou para aguentar a chatice de uma reunião que não seja rápida e significativa, isso não justifica você se atrasar. Leve algo para ler ou manter-se ocupado, mas chegue antes da hora marcada.
Não fofoque. Especialmente via email.
Os comentários aqui são desnecessários. Caso sejam... Deixa prá lá. Pode parar de ler e vá ver uma novela ou ver futebol ou jogar uma pelada que vai ser mais proveitoso Prá Você... Né, Ana Maria – duas metades iguais - Braga?.
Trate os que estão “abaixo de você na cadeia alimentar” muito bem sempre. Com sinceridade e sem ironias e nem deboches.
Outro tópico que dispensa maiores comentários... Né, Dona Dilma e companhia limitada de pessoas detentoras do poder?
Vista-se de acordo com o padrão da empresa onde trabalha.
Não use terno e gravata onde todos usam camiseta e jeans. Jamais use roupas importadas se até o dono da empresa se veste na rua de comércio popular da cidade. Se todos usam gravatas com estampas que lembram roupas de comediantes populares da TV, pergunte onde pode comprar igual e junte-se a eles. Procure vestir-se igual ao dono da empresa. Se você tiver colegas inteligentes e perspicazes, eles logo notarão a ironia e você ganhará o total respeito deles.
Aprenda a calar a boca, especialmente numa rodinha no café.
Ser discreto nunca é demais. Honestidade demais, às vezes, é demais! (“Nossa, esse botox deformou seu rosto!”) Não minta. Apenas saiba quando omitir certos detalhes na frente de certas pessoas. É justo e perfeito agir assim? Não, absolutamente não é! Mas antes de abrir a boca pergunte-se se haverá algum tipo de dano colateral em resposta à sua honestidade aberta e franca. Tente agir como num jogo de pôquer: tem que saber quando segurar a mão, saber quando pedir cartas, saber quando cair fora e saber quando blefar.
Lembre-se de que você passa em média 45/50 horas por semana no seu local de trabalho. Isso é mais do que o seu tempo livre, o tempo que você tem para dedicar exclusivamente a VOCÊ, se descontarmos as horas de sono, as horas gastas em trânsito – seus deslocamentos de ida e volta para o trabalho - e as horas gastas em afazeres necessários da vida cotidiana.
Obtenha seu espaço e todo o respeito que conseguir conquistar no ambiente de trabalho e você poderá desfrutar muito mais seu fim de semana sem ter que ficar se martirizando com a idéia de que a segunda-feira já está chegando novamente.
Qualidade de vida é importante e essencial em TODOS os aspectos da vida de uma pessoa, e o grau de qualidade de vida a ser buscado, de um jeito ou de outro, (lembre-se dos campos de concentração, onde os detentos procuravam ter qualidade de vida mesmo indo contra as normas do guardas nazistas, como forma de manter intacta um pouco de sua integridade e honra) está diretamente ligado ao tempo que se passa, que gasta ou que se desperdiça em um lugar.
Certifique-se de que VOCÊ está obtendo, no mínimo, de você mesmo o respeito que você merece no seu local de trabalho!
Until we meet again, I bid you peace. Bye, bye.